Por Toda Palavra
Após viralizar nas redes sociais, o comentário desrespeitoso de Rogério Xavier, sócio da SPX Capital, uma das maiores gestoras de investimentos do Brasil, que disse ter desejado a morte do ex-governador Leonel Brizola, ganhou uma resposta formal de um dos netos do líder trabalhista.
Em carta aberta dirigida ao sócio do fundo bilionário, Carlos Brizola Neto, ex-deputado federal e ministro do Trabalho durante o governo Dilma Rousseff, faz um desagravo contundente à memória do avô, ex-governador dos estados do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, perseguido e exilado após o golpe de 1964, e que chegou a ser considerado o inimigo número um da ditadura militar no Brasil.
Na carta, Brizola Neto insinua que Rogério Xavier poderia ter sido tentado a participar de uma das várias tentativa de assassinato sofridas por Brizola e compara a plateia do evento do BTG Pactual, onde o vídeo com a confissão funesta foi gravado, a “vampiros escarnecedores que debocharam, riram e aplaudiram” quando o empresário disse reiteradamente que desejava a morte de Brizola.
Brizola Neto
Na opinião de Brizola Neto, o ódio renitente das elites brasileiras contra o avô transforma, hoje, Brizola em uma espécie de “fantasma” a assombrá-las porque “ele nunca fez concessões à sanha vampiresca das trevas”.
E, depois de lembrar que, após morrer de causas naturais, em 2004, Brizola teve o seu nome gravado no panteão dos Heróis da Pátria, ele pergunta ao investidor: “Onde o seu nome será escrito quando terminarem os seus dias obscuros de especulação e avareza?”
Leia, abaixo, a carta aberta de Brizola Neto na íntegra:
Carta aberta ao Sr. Rogério Xavier
O seu arroubo de sinceridade – misto de escárnio e de desapreço pela vida humana, comum entre os seus pares, sanguessugas que são do povo brasileiro – não me surpreende.
O senhor não foi o único que desejou a morte do meu avô, Leonel Brizola. Outros também a quiseram e chegaram a tramar sordidamente o seu assassinato, não uma, mas algumas vezes. Desejoso que foi, como declarou, da sua eliminação, não sei se o senhor se sentiu tentado a participar de alguma dessas tramas macabras.
De todas, porém, Deus livrou o meu avô, para que ele continuasse o seu trabalho e a perpetuação do legado trabalhista em busca da libertação do nosso país das “aves de rapina”, que, como disse o presidente Getúlio Vargas em sua Carta Testamento, “querem continuar sugando o povo brasileiro”.
São os mesmos vampiros escarnecedores que debocharam, riram e o aplaudiram quando o senhor disse que desejava a morte de Leonel Brizola. Os mesmos que transformaram o Brasil no paraíso do rentismo e que, agora, mais uma vez, querem, com a falácia do ajuste fiscal, continuar cravando os caninos no pescoço dos trabalhadores e transferindo ainda mais os recursos do estado, dos programas sociais, para o mercado financeiro.
Por isso o meu avô foi e – como um fantasma a assombrá-los – ainda é odiado por vocês, pelas elites, por todos os entreguistas e inimigos da causa do nosso povo. Porque ele nunca fez concessões à sanha vampiresca das trevas e prometeu que, se chegasse à presidência do país, sua primeira medida seria “quebrar a espinha dorsal” desse sistema vil e anti-patriótico. Sou testemunha dessa promessa, que ouvi várias vezes da sua boca. Por isso mesmo ele foi perseguido, combatido de todas as formas pelas elites brasileiras, que nunca o deixaram chegar lá.
Mas ele chegou no ponto máximo da sua coragem, dignidade e coerência. E mesmo com alguns que, como o senhor, desejaram a sua morte, terminou os seus dias heróicos de forma natural, amado pelo povo ao qual dedicou a sua missão de vida. Seu nome está registrado, com toda justiça, no panteão dos Heróis da Pátria e – creio eu – no Livro da Vida.
Agora eu lhe pergunto: onde o seu nome será escrito quando terminarem os seus dias obscuros de especulação e avareza?
Carlos Brizola Neto
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