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Por Gabriel Gomes
Moradores de uma comunidade localizada no Parque Metropolitano de Pituaçu, em Salvador, na Bahia , denunciam ações violentas do governo do estado, comandadas por Jerônimo Rodrigues (PT), como parte das obras de revitalização do espaço, uma das maiores áreas verdes da capital baiana. Em uma das ações, no início deste mês, o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), com apoio da Polícia Militar estadual, demoliu um terreiro de candomblé que funcionava na área.
Segundo os filhos de santo do terreiro Ilê Axé Oya Onira’D, a demolição ocorreu sem aviso prévio. Segundo a ialorixá Naiara de Oyá, uma casa religiosa, que funcionava no local há oito anos, possuía documentos de intenção de compra da área.
Naiara de Oyá. (Foto: Reprodução/TV Bahia)
“Todo terreiro de candomblé faz parte da preservação ao meio ambiente, a gente não está desfazendo, nós estamos cuidando. Isso que eu quero que eles entendam. Por que não podemos ficar em uma terra que já é nossa? O que impede de a gente continuar cultivando o nosso sagrado? O que nos impede de continuar aqui? Isso que ninguém nos diz”, completa.
Na demolição, na segunda-feira, 9 de junho, objetos sagrados foram retirados do local e alguns foram destruídos. Muitos foram jogados do lado de fora da construção, no chão. De acordo com um líder religioso, os objetos possuíam um patrimônio próprio para serem retirados. “A gente conseguiu tirar o que deu e eles passaram a retroescavadeira”, conta Naiara de Oyá.
“É uma intolerância religiosa muito grande quando mexem com o nosso sagrado, principalmente na Bahia, que é chamada de Bahia de Todos os Santos. Quando a gente vai exercer o que é nosso, as pessoas tentam nos calar de todas as formas, e foi isso que fizeram. Tentaram nos calar, matando o nosso sagrado, destruindo o nosso sagrado”, lamenta.
Após a demolição do dia 9, a Secretaria da Casa Civil da Bahia e o Inema deram um prazo de 10 dias para a retirada das pessoas do local. O prazo, que se encerraria nesta quarta-feira (18), foi prorrogado por 15 dias após recomendação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), que solicitou a interrupção imediata das intervenções de remoção da comunidade religiosa. Os moradores do terreiro, porém, afirmam que o prazo é insuficiente.
Ainda nesta quarta, foi realizado um ato em defesa do terreiro, com a presença de diversas lideranças religiosas. Segundo a ialorixá Naiara de Oyá, atualmente cerca de 30 famílias, de filhos e filhas de santo, vivem no espaço .“Eles nos deram quatro opções de terrenos para ir, mas não são nessa área. Eu não tenho condições de tirar o meu sagrado e os filhos de santo que já moram aqui desde o início. Aqui já existe uma rotina e ela não pode ser quebrada”
“Eu tenho muitas famílias que precisam desse espaço, fora os trabalhos sociais que a gente faz para ajudar a comunidade”, completa.

Terreiro Ilê Axé Oya Onira’D. (Foto: Reprodução/ Redes Sociais)
‘Muro do apartheid’
O Parque Metropolitano de Pituaçu fica localizado no bairro de mesmo nome, considerado de alto padrão, em Salvador. O espaço, desde dezembro do ano passado, passa por obras de revitalização feitas pelo governo da Bahia, através do Inema e da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder).
O investimento na primeira etapa da obra é de R$ 25 milhões. O parque é considerado uma das maiores áreas verdes da capital baiana, mas já perdeu muito espaço com ocupações e construções, sobretudo de empreendimentos de luxo.
Umas das etapas da obra consistiu na construção de um grande muro, que impede o acesso de moradores de uma comunidade pobre que fica no local. No lado nobre do bairro, porém, foi construído apenas um alambrado. A construção foi apelidada pelo conselheiro do Parque Pituaçu, Gabas Machado, como “muro do apartheid”
“É o muro do Apartheid, como nós estamos chamando aqui. A comunidade tem de sete a oito acessos para o parque e eles querem deixar apenas quatro”, relata. Um dos acessos que está sendo fechado fica em frente a uma instituição social na qual Gabas, que é educador social, dá aulas.
No último sábado (14), um segurança de 27 anos, identificado como Pablo Para Assu Cardoso da Silva, morreu após ser atingido por uma retroescavadeira nas obras do Parque Metropolitano de Pituaçu. A vítima estava fazendo uma ronda, em uma motocicleta, quando foi atingido pela máquina.
O que diz o governo da Bahia sobre a demolição do terreiro?
O ICL Notícias enviou uma série de questionamentos ao Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), vinculado à Secretaria do Meio Ambiente da Bahia, sobre a ação de demolição do terreiro Ilê Axé Oya Onira’D e as obras do Parque Metropolitano de Pituaçu. A reportagem não obteve respostas até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto.
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