Ceará

‘É um vazio na alma’, diz mãe de Alanis Maria 10 anos após o estupro e assassinato da filha em Fortaleza

 Alanis Maria tornou-se um símbolo para o combate a abusos sexuais de crianças no Ceará — Foto: Reprodução

Uma década guarda a perda eterna de Alanis Maria, assassinada aos 5 anos de idade no dia 7 de janeiro de 2010 em Fortaleza. A menina foi raptada, estuprada e morta por Antônio Carlos dos Santos Xavier, o ‘Casim’, após desaparecer de uma celebração na Igreja Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará. Nessa terça-feira (7), a família volta à mesma igreja para participar de uma homenagem a Alanis, que se tornou um símbolo para o combate a abusos sexuais de crianças.

Apesar das buscas incessantes dos agentes, da família e dos amigos, e do rosto de Alanis estampado em diversos panfletos espalhados pela cidade, a menina só foi encontrada, já morta, às margens de um canal, entre arbustos, no dia seguinte ao desaparecimento, no início da noite de sexta-feira (8), na Rua Rui Monte, no Bairro Antônio Bezerra. Segundo a polícia, ela estava sem as vestimentas, próximo a uma camiseta vinho e um par de sapatos.

Naquele dia, no qual foi encontrado o corpo de Alanis, a mãe e o restante da família, ao reconhecerem a menina, entraram em desespero. Hoje, após 10 anos de luto, a promotora de vendas, Ana Patricia Laurindo, narra o sentimento de perda da filha. “O sentimento é de saudade. Como eu digo a todos, é um vazio na alma que nunca irá ser preenchido. Sinto saudade do tempo que passei com ela. Ela faz muita falta. Se passaram dez anos, mas, para mim, foi ontem que tudo aconteceu”, disse.

Mãe de Alanis, Ana Patricia Laurindo, afirma temer a liberdade de Antônio Carlos, condenado a 31 anos de prisão — Foto: Alana Araújo/SVM

Ana Patricia afirmou ainda sentir o mesmo peso da perda de Alanis diariamente, mesmo sendo mãe de dois filhos. “Eu tive dois filhos desde a morte dela e pensei que, ao ser mãe novamente, o vazio pudesse ser preenchido, a dor ia passar. Mas não. Eu percebi que cada filho tem um lugar especial em você. Eu enxergo nos meus dois filhos uma nova forma de encarar a vida, um motivo para viver, porém a falta e o vazio que eu sinto dela será para sempre. A perda de um filho é algo que nunca superamos. Eu tenho Deus em minha vida e ele me dá forças para seguir, mas a saudade vai passar só quando eu morrer”, desabafou.

A promotora de vendas afirmou temer a liberdade de Antônio Carlos, condenado a 31 anos de prisão, por quem tem sentimentos conflitantes desde o crime. “Eu tenho meus momentos de raiva. Eu fico revoltada, mas há momentos em que Deus me consola e eu entrego nas mãos de Jesus. Ele está preso, mas eu temo que, um dia, ele saia. Minha filha foi a terceira vítima dele e tenho medo que possa acontecer novamente.”

Julgamento e condenação

Antônio Carlos, de acordo com a polícia, antes de violentar e matar Alanis, estuprou uma garota de cinco anos, em 2000, e foi condenado a 23 anos de prisão, na época. Porém, ao receber progressão de regime, foi transferido para uma unidade prisional de regime semi-aberto. Em maio de 2008, contudo, ao fugir da prisão, cometeu outro abuso sexual antes de matar a vítima.

Diagnosticado como psicopata, Antônio foi preso após cinco dias do assassinato de Alanis, no Terminal do Siqueira, em Fortaleza. Após sete meses, em um julgamento de cerca de 7 horas, no dia 25 de agosto, de 2010, o abusador e assassino foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão em regime fechado. Ele não deve receber progressão e provavelmente, sequer, poderá sair após o cumprimento da pena devido a sua psicopatia.

O delegado Lira Ximenes, à frente das investigações do ‘Caso Alanis’ na época, relembrou os momentos decisivos da prisão de Antônio e da repercussão da morte da menina. “Havia um tumulto enorme da população sobre o caso. Após informações, nós conseguimos capturá-lo em um terminal da cidade. Por se tratar de uma criança, o crime marcou minha carreira profissional. Acredito, realmente, que ele tenha problemas. Alguém normal não é capaz de fazer o que ele fez”, relembrou.

Conforme a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), Antônio Carlos dos Santos Xavier continua preso no Sistema Prisional do Ceará, desde 2010 em regime fechado.

‘É um vazio na alma’, diz mãe de Alanis Maria 10 anos após o estupro e assassinato da filha em Fortaleza
Acompanhe as últimas notícias e acontecimentos relevantes de cidades do Brasil e do mundo. Fique por dentro dos principais assuntos no Portal Voz do Sertão, aqui você vai ficar conectado com as notícias.

Deixe seu Comentário

Veja Mais Relacionadas

Nossos Produtos