No dia 10 de setembro de 1945, o fazendeiro Lloyd Olsen estava fazendo seu trabalho de sempre: abatendo frangos para vender. Ele ficava encarregado de cortar a cabeça dos animais enquanto sua esposa, Clara, depenava o corpo. Os dois trabalhavam em uma fazenda em Fruita, no estado americano de Colorado.
Logo após a decapitação de um frango, é comum que ele continue se movendo por alguns minutos – uma resposta automática do sistema nervoso. Acontece que, naquele dia, um dos 50 animais abatidos não parou de se mexer. Ao final do serviço, o casal percebeu que um dos frangos ainda estava vivo, mesmo sem a cabeça. Lloyd o colocou em uma caixa e voltou na manhã seguinte. O bicho continuava andando e batendo as asas.
Mas como? O cérebro da galinha está localizado na parte de trás da cabeça. Quando o fazendeiro aplicou o golpe (quase) fatal, ele acertou um ângulo específico que decepou boa parte da cabeça, mas manteve a veia jugular, parte de uma orelha e parte do cérebro intactas. Essa região era responsável pela respiração, digestão e outras funções vitais.
O frango, que recebeu o nome Mike, só não morreu sangrando graças a um coágulo muito bem posicionado. O esôfago e as vias aéreas ficaram expostos, permitindo que ele respirasse. Lloyd resolveu levá-lo junto com as outras carcaças de frangos ao mercado local. “Ele levou o frango com ele e começou a apostar cerveja ou qualquer coisa que ele tinha uma galinha viva sem cabeça”, disse o bisneto do casal, Troy Waters, em entrevista à BBC Magazine.
A notícia se espalhou rápido. Os Olsen fizeram uma turnê pelos Estados Unidos ganhando dinheiro de quem quisesse pagar para ver o frango sem cabeça. Eles cobravam US$ 0,25 na época (US$ 4,40 ou R$ 26,50 em valores atuais), e chegaram a ter 600 visitantes em um único dia. A fama chamou a atenção da revista Life, que fez uma reportagem sobre a ave.
Para alimentar o frango decepado, Lloyd e Clara usavam um conta-gotas para pingar água e comida líquida diretamente no esôfago exposto. O casal também usava uma seringa para limpar o muco acumulado na garganta. Dessa forma, Mike viveu por 18 meses.
Em 17 de março de 1947, o casal acordou de madrugada com o som da ave sufocando. Mike estava engasgando com o próprio muco, mas a seringa não estava por perto para ser usada. Os Olsen estavam em um motel em Phoenix, e haviam esquecido o instrumento no último local em que o frango fora exposto. Tudo que puderam fazer foi assistir à galinha dos ovos de ouro asfixiar até a morte.
Mike ainda é lembrado em Fruita, Arizona. Todos os anos, no mês de maio, a cidade celebra o Headless Chicken Festival, ou “Festival do Frango Sem Cabeça”, que reúne música, comida e uma corrida pelas ruas de Fruita.
Compartilhe essa matéria via:
Deixe seu Comentário