O Ministério das Relações Exteriores (MRE) reagiu à decisão do governo de Donald Trump de aplicar tarifas de 25% sobre importações de aço e de alumínio dos Estados Unidos. Em comunicado assinado pelo Itamaraty, o governo brasileiro classificou tais medidas como “injustificáveis e equivocadas”. Além disso, o Executivo afirmou que buscará, em coordenação com o setor privado do país, defender os interesses dos produtores nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio (OMC).
O comunicado foi divulgado após o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira, justamente para discutir uma resposta ao governo norte-americano. A nota do MRE diz, por exemplo, que a taxação do aço terá “impacto significativo sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio”.
“O governo brasileiro lamenta a decisão tomada pelo governo norte-americano no dia de hoje, 12 de março, de elevar para 25% as tarifas sobre importações de aço e de alumínio dos EUA provenientes de todos os países e de cancelar todos os arranjos vigentes relativos a quotas de importação desses produtos. Tais medidas terão impacto significativo sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio para os EUA, que, em 2024, foram da ordem de US$ 3,2 bilhões”, argumenta o texto.
Em seguida, o comunicado afirma que o governo brasileiro classifica a decisão de Trump de “injustificável e equivocada”. O MRE argumenta neste sentido, por exemplo, que as medidas contrariam o “histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países”.
“Em defesa das empresas e dos trabalhadores brasileiros e em linha com seu tradicional apoio ao sistema multilateral de comércio, o governo brasileiro considera injustificável e equivocada a imposição de barreiras unilaterais que afetam o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, principalmente pelo histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países. Segundo os dados do governo estadunidense, os EUA mantêm um superávit comercial de longa data com o Brasil, que foi, em 2024, da ordem de US$ 7 bilhões, somente em bens”, explica a nota.
O Itamaraty lembra também que as indústrias de Brasil e EUA têm uma “relação de complementaridade mutuamente benéfica” há décadas. “No caso do aço, as indústrias do Brasil e dos Estados Unidos mantêm, há décadas, relação de complementaridade mutuamente benéfica. O Brasil é o terceiro maior importador de carvão siderúrgico dos EUA (US$ 1,2 bilhão) e o maior exportador de aço semi-acabado para aquele país (US$ 2,2 bilhões, 60% do total das importações dos EUA), insumo essencial para a própria indústria siderúrgica norte-americana”, pondera o ministério.
Por fim, o governo brasileiro promete defender os interesses dos produtores de aço nacionais e cita a OMC. “À luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras, o governo do Brasil buscará, em coordenação com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos. Em reuniões já previstas para as próximas semanas, avaliará todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior, com vistas a contrarrestar os efeitos nocivos das medidas norte-americanas, bem como defender os legítimos interesses nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio”, concluiu.
Em entrevista concedida à imprensa, Alckmin já havia admitido a possibilidade de o Brasil recorrer à OMC. “Esta é uma possibilidade. Nós defendemos multilateralismo, nós defendemos complementação econômica, e a OMC existe para isso, para estabelecer regras que devem ser regras gerais para todos”, explicou.
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