De volta a Brasília após o recesso dos trabalhos em função do Carnaval, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), iniciará uma rodada de conversas com líderes partidários para ouvir as prioridades de cada legenda e definir a distribuição das comissões permanentes da Casa. O objetivo dele é avançar nas negociações ao longo da semana e tentar fechar o mapa final dos colegiados nesta quinta-feira. A expectativa é instalar as comissões na próxima semana.
O paraibano já teve conversas com alguns de seus pares por telefone e deve ter encontros pessoalmente com lideranças nos próximos dias, confirmou a jornalistas nesta segunda-feira (10) ao deixar a cerimônia das posses de Gleisi Hoffmann (PT) e de Alexandre Padilha (PT) como ministros da Secretaria de Relações Institucionais e da Saúde, respectivamente.
Alguns impasses ainda representam um obstáculo para que um acordo seja fechado. Entre eles, a disputa entre MDB e União pela relatoria do Orçamento de 2026. Emedebistas alegam que o posto deve ficar com eles, porque aderiram à postulação de Motta bem antes do União. O partido liderado por Pedro Lucas (União-MA) cobiça a vaga e argumenta que tem uma bancada maior que a do MDB.
Partido com a maior bancada da Casa, o PL mira as Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN). Outra prioridade deles é a Comissão da Saúde, campeã em emendas entre os colegiados.
A iniciativa em relação à CCJ iria contra um acordo fechado pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) que previa que a principal comissão da Casa seria comandada por PT, PL, União e MDB em 2023, 2024, 2025 e 2026, respectivamente.
Ao Valor, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse desconhecer o acordo fechado por Lira e afirmou não ter confirmação de Motta de que esse suposto compromisso do alagoano seria levado adiante em sua gestão.
Ainda assim, ele admitiu que há disposição do PL de ceder para que outras siglas fiquem com a CCJ desde que o partido seja compensado de alguma forma.
Para a CREDN, Cavalcante disse que a indicação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é apoiada por todos os deputados do PL. O PT tem indicado que resistirá, mas a tendência é que o movimento seja apenas político e não tenha efeitos práticos, já que cabe ao PL as duas primeiras escolhas por ser a maior bancada da Casa.
Depois da conversa com o PL, Motta deve ouvir as prioridades do PT, que tem Educação entre suas preferências, segundo apurou o Valor.
Terceiro partido a escolher as comissões, o União deve ficar com a CCJ — não apenas por isso, mas também porque a tendência é que o MDB fique com a relatoria do Orçamento de 2026.
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