O Stark Bank, startup brasileira apoiada pelo family office de Jeff Bezos, está se posicionando como um fornecedor bancário de referência para as empresas de criptomoedas, em uma aposta de que o setor rejeitado por bancos tradicionais impulsionará o crescimento.
A companhia sediada em São Paulo está trabalhando atualmente com 52 empresas do segmento de criptomoedas e blockchain, incluindo Mercado Bitcoin (MB), Transfero e Binance, disse o fundador Rafael Stark, em entrevista. O apoio do presidente dos EUA, Donald Trump, às criptomoedas está tornando-as um segmento cada vez mais atraente, afirmou.
“A tecnologia veio para ficar e nossa ideia em 2025 é mirar nesse nicho”, disse Stark, em uma entrevista na sede da empresa. Ele se recusou a estimar quanto do mercado a startup está atendendo no momento, mas afirmou que, dados os grandes nomes, é um “player muito relevante”.
O MB e a Transfero não quiseram comentar. A Binance disse em um e-mail que tem parceiros em diversos países para oferecer soluções localizadas.
Como em outros lugares, as empresas de criptomoedas no Brasil tradicionalmente têm tido dificuldades para obter serviços de grandes bancos, que são cautelosos com a reputação do setor, de compliances frouxos e falta de clareza regulatória. Mas o segmento financeiro está gradualmente aumentando o interesse pela classe de ativos, uma tendência acelerada pela eleição de Trump, que fez campanha como um defensor das criptomoedas.
Fundado em 2018, o Stark Bank ajuda seus quase 800 clientes ativos no processamento de pagamentos, faturas e gerenciamento de cartões de crédito corporativos, além de outros serviços. Outros clientes da instituição financeira incluem Wise, Americanas e várias startups de tecnologia. Stark levantou dinheiro de investidores pela última vez em 2022, incluindo o Ribbit Capital e o family office do fundador da Amazon.com, com uma avaliação de US$ 250 milhões.
A startup processou R$ 280 bilhões (US$ 48 bilhões) em pagamentos em 2024, uma queda na comparação com os R$ 155 bilhões no ano anterior, disse Stark, de 36 anos. Enquanto os pagamentos dobraram, o lucro líquido caiu 30%, para R$ 50 milhões, pois o Stark Bank gastou mais em marketing e intensificou os investimentos, disse o CEO.
A Stark Infra, uma unidade que cria soluções de tecnologia internamente para vender a terceiros ou clientes, criada pelo Stark Bank, cresceu 200% ano a ano e representou 15% da receita total, disse o CEO.
O banco digital ainda tem muito dinheiro em mãos e não está buscando ativamente levantar dinheiro novo de investidores para impulsionar sua avaliação e atingir o status de ‘unicórnio’, disse Stark. Quaisquer planos para uma oferta pública inicial provavelmente estão uns cinco anos à frente, ele acrescentou.
“Só fazer rodadas para diluir participações e marcar novas avaliações não é a nossa ambição”, disse ele. “Estou mais focado em como transformar R$ 50 milhões de lucro em 300 milhões.”
Parte da estratégia será impulsionar o marketing, algo em que a empresa começou a investir mais pesadamente desde o ano passado, disse Stark. O banco recentemente esbanjou ao levar clientes para uma corrida de Fórmula 1 em Mônaco, e Stark disse que fará novamente este ano. O Stark Bank também começou a convidar clientes para um camarote no estádio Allianz Parque, em São Paulo, para shows e partidas de futebol.
O banco tradicionalmente contava com o método ‘boca a boca’ para atrair e aumentar sua base de clientes, disse Stark.
“Os concorrentes frequentemente olham para o que o outro está fazendo e vêm que estão usando o Stark. Isso aconteceu muito no segmento de criptomoedas”, disse Stark. “Isso cria um efeito dominó.”
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