Eleições na Groenlândia viram pauta pela resistência da população às investidas de Trump | Estúdio CBN

No entanto, o território do reino da Dinamarca, com apenas 56 mil habitantes, tem atraído a atenção do planeta desde o início de 2025 pelo comportamento do presidente americano Donald Trump. Desde que assumiu o cargo, Trump tem cobiçado o território e até propôs comprá-lo e anexar aos EUA.

Já na ilha, as pesquisas indicam que 85% dos groenlandeses não querem ser cidadãos americanos. Pelo contrário, eles gostariam de se independizar da Dinamarca. A questão, como aponta o jornalista Ariel Palacios durante comentário ao Estúdio CBN, é a velocidade que essa independência poderia ter.

Neste ponto, diz Palacios, os partidos divergem, muito porque dependem financeiramente da Dinamarca. O Partido Demokraatit, vencedor das eleições com 30% dos votos, por exemplo, prega independência, mas não a curto prazo.

Apesar de representante da centro-direita do país, o atual líder do partido, Jens-Frederik, é um grande crítico de Trump. O político chegou a dizer, ainda em campanha, que as declarações do americano sobre controlar a Groenlândia eram “uma ameaça para a independência política da ilha, que não está à venda”.

Além de seu posicionamento estratégico ao lado do mar ártico, que com o potencial derretimento das geleiras pode se transformar em uma rota comercial para conectar os EUA à Rússia e à China, a Groenlândia também conta com uma quantidade excepcional de minérios raros — igualmente “escondidos” sob a imensa capa de gelo. E, segundo Palacios, ambas as possibilidades agradam muito as ambições de Trump.

Por outro lado, também haveriam alguns custos. Hoje, a Dinamarca fornece subsídios à ilha, que constituem 20% do PIB da Groenlândia. Além do dinheiro concedido pela coroa dinamarquesa, o país vive basicamente da exportação de pesca.

No cenário de resistência ao impulso americano, os groenlandeses até já possuem um processo definido para independência: o chamado “estatuto da autonomia”. Seria preciso, primeiro, que o parlamento abra o processo e o leve para discussão com a Dinamarca — para entender o procedimento da separação. Depois, caso bem-sucedido, os habitantes da ilha teriam que aprovar a independência num plebiscito, e enfim esperar um “ok” do parlamento dinamarquês em Copenhagen.