O cocô está sorrindo, já repararam? A gente costuma usar para transmitir uma sensação incômoda, mas ele é simpático e para os japoneses é sinal de boa sorte. Os criadores dos emojis (E = imagem, Moji = personagem) transformaram nossa forma de comunicar no mundo digital, em especial na rotina incessante com o “zap”. E não é que neste difícil 2019 o emoji mais usado, no mundo, é a carinha chorando de tanto rir? Estamos rindo muito, ou temos tentado, apesar de tudo. Também estamos enviando muito, mas muitos corações vermelhos. É o segundo de uma lista inédita divulgada, nesta semana, pelo Consórcio Unicode, responsável pela criação de emojis, inclusive dos que virão.
“Existem diversos grupos étnicos que, até hoje, fazem pedidos e se sentem pouco representados pela classe de emojis que existe atualmente. Um exemplo, os indianos com a cor da pele deles, nem todos se sentem representados. Recentemente, alguns sistemas começaram a liberar emojis para pessoas não binárias. Era uma figura em barba e o com o cabelo curtinho, e pessoas não binárias estão criticando, dizendo que esses emojis acabam virando um padrão para representar pessoas que não querem ser representadas. Enquanto uma parte desse grupo sente falta de ser representada, outra parte fica incomodada porque essa representação pode criar um estigma, um padrão”, me disse Thássius Veloso, nosso colunista de tecnologia.
Que paradoxo. Sem fim. Pequenos e poderosos símbolos capazes de mobilizar comunidades inteiras. Mobilizam porque mexem com a sensação de existência, pertencimento e respeito num espaço digital onde forjamos nossa maneira de sentir e transmitir o que sentimos. Comunicar é sentir? E temos sentido de verdade?
Em tese, esses símbolos têm a missão de levar nossos recados com mais emoção quando nós ouvimos cada vez menos. Quando foi a última vez que você ligou pra mandar seu coração em forma de voz? E dá-lhe emoji coração… É quase automático. É automático. Reduz as linhas, menos exigente para pensar, elaborar e sentir o que queremos transmitir. Pra gente pensar. Pela nossa lente.
Aliás, o clássico coração vermelho foi o primeiro emoji criado, ainda na era dos pagers. A ideia era deixar as mensagens mais fofas, e os adolescentes japoneses piraram na época. Desde então, os criadores estão atentos às vozes plurais nas redes para criar as próximas figurinhas. Os emojis são criações emblemáticas para um mundo mais diverso e justo.
No ranking dos dez emojis mais usados no mundo, apenas na oitava posição aparece o sentimento de tristeza, aquela carinha chorando incessantemente. Você tem chorado em 2019? Tem compartilhado da sua tristeza? Só assim somos de verdade. Comunicar é sentir.
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