Procurador de Justiça de MG que falou em ‘miserê’ recebe R$ 124 mil somando salários de agosto e setembro

O procurador de Justiça Leonardo Azeredo dos Santos, que reclamou em agosto que o salário dele era um “miserê”, recebeu cerca de R$ 124 mil somando salários nos meses de agosto e setembro deste ano. Após gravação da reunião ser divulgada e a declaração ganhar repercussão, o Ministério Público de Minas Gerais informou que Leonardo estava de licença médica, mas não disse o motivo e nem por quanto tempo.

Nesta segunda-feira (2), a assessoria de imprensa do MP para saber quando o procurador havia retornado ao trabalho, quanto ele recebeu durante o afastamento e como estava o processo disciplinar. Até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta.

Os valores estão no Portal da Transparência do Ministério Público, que todos os cidadãos têm acesso.

Ainda de acordo com a planilha, além dos salários, foram incorporados aos contracheques “outras remunerações retroativas” e “indenizações”, chegando aos R$ 124 mil. A planilha não especifica os que são esses itens.

Em agosto, durante uma reunião para discutir a proposta orçamentária do MPMG para 2020, em um áudio, o procurador diz que o salário dele é um “miserê”.

“Como é que o cara vai viver com R$ 24 mil? O que de fato nós vamos fazer para melhorar a nossa remuneração? Ou nós vamos ficar quietos?”, questionou durante a sessão.

Confira o Áudio:

Caixa de doação

Depois da declaração do procurador de Justiça, uma caixa foi colocada na Praça Dino Barbieri, em frente à Igrejinha São Francisco de Assis, na Pampulha, pedia doações para Santos.

“Ajude o procurador do MPMG sair do miserê”, dizia o cartaz colado a uma caixa de papelão.

A crítica se referia ao áudio do procurador que chamou o salário de R$ 24 mil de “miserê”.

O autor do protesto é o advogado Mariel Marra, o mesmo que fez o pedido de cassação de mandato do vereador Wellington Magalhães.

Declaração

A declaração de Santos foi gravada durante a 5ª reunião extraordinária do colegiado do MPMG, que discutia o Orçamento de 2020.

O procurador-geral de Justiça, Antônio Sérgio Tonet, informava que, caso o estado assinasse o acordo de recuperação fiscal com o governo federal, não haveria qualquer reajuste salarial, mesmo que houvesse aumento dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com o procurador, ele já estaria baixando o padrão de vida por causa do salário.

“Estou deixando de gastar R$ 20 mil de cartão de crédito e estou gastando R$ 8 mil. Pra poder viver com os R$ 24 mil. Eu e vários outros já estamos vivendo à base de comprimido, à base de antidepressivo. Estou falando assim com dois comprimidos de sertralina por dia, e ainda estou falando deste jeito. Se não tomasse, ia ser pior do que Ronaldinho”, afirmou em tom exaltado.

Durante a reunião, Leonardo Azeredo dos Santos ainda questionou Antônio Sérgio Tonet se não era possível alguma forma para “incrementar” os salários no próximo ano.

“Dentro do orçamento, não há nenhuma perspectiva, nenhum sonho, de incrementar qualquer tipo de vantagem que aumente nossa remuneração? Ou plantão? Ou qualquer coisa que aumente remuneração?”, questionou.

Corregedoria do MP vai avaliar a conduta do procurador que chamou R$ 24 mil de ‘miserê’

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