O Dia das Mães é, tradicionalmente, uma data marcada por homenagens e flores. No entanto, é também um momento oportuno para refletirmos sobre as diferentes maternidades que compõem nossa sociedade — especialmente aquelas que se constroem em meio a desafios pouco visíveis. Entre elas, está a maternidade atípica, que é uma vivência profundamente marcada pelo amor, mas também por sobrecarga, luta por direitos e resiliência cotidiana.
As mães atípicas são protagonistas de histórias que raramente ganham espaço nos discursos cotidianos. No Instituto Renan Azevedo, acompanhamos de perto a angústia dessas mulheres que, entre incertezas e burocracias, aguardam um posicionamento concreto do poder público — não por privilégios, mas por dignidade. São mães que mergulham em uma realidade dura, enfrentando barreiras no sistema de saúde, na educação e no acesso à inclusão. Elas não pedem mais do que aquilo que deveria ser básico, pois só querem que seus filhos sejam respeitados e tenham seus direitos garantidos.
São inúmeras ocasiões marcadas pela omissão do poder público. São pastas repletas de laudos, exames e negativas. Elas só querem uma chance para o filho ser acolhido em meio à frieza da burocracia institucional.
Acompanhamos a mobilização de grupos formados por mães que, diariamente, buscam orientação jurídica para garantir o repasse de recursos públicos e a continuidade de serviços essenciais às crianças. Entre reuniões, ofícios e normativas complexas, essas mulheres se tornam pontes entre o cuidado e o direito, canalizando sua força individual em ações que transformam realidades coletivas.
Elas resistem. Reinventam-se. Constroem redes de apoio onde o Estado faz vista grossa. E, mesmo diante do cansaço, seguem firmes, porque sabem que não podem parar. O amor se traduz em coragem. Uma coragem que precisa ser reconhecida e respeitada por toda a sociedade.
Neste Dia das Mães, minha homenagem vai para essas mulheres que, silenciosamente, constroem um mundo mais justo, ainda que a passos lentos e solitários. Que sua força seja visível. Que sua luta seja coletiva. E que vocês nunca precisem caminhar sozinhas.
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