O barco humanitário “Madleen”, que transportava auxílio a Gaza com um grupo de ativistas, incluindo a sueca Greta Thunberg e o brasileiro Thiago Ávila, foi interceptado e desviado por Israel, na madrugada desta segunda-feira (9), um dia após o país anunciar que impediria a embarcação de chegar ao destino.
Os passageiros, entre eles o ator Liam Cunningham, da série “Game of Thrones”, deverão “retornar aos seus países”, conforme as autoridades locais.
O Ministério das Relações Exteriores israelense publicou, nas redes sociais, imagens (assista abaixo) que mostram soldados distribuindo comida e água ao grupo, que usa coletes salva-vidas. “O ‘iate das selfies’ das ‘celebridades’ está navegando com segurança em direção às costas de Israel. Esperamos que os passageiros retornem aos seus países de origem”, informou o órgão.
“A pequena quantidade de ajuda no iate que não foi consumida pelas ‘celebridades’ será transferida para Gaza pelos canais humanitários reais”, acrescentou em nota. Os passageiros desembarcarão no porto israelense de Ashdod, segundo o Ministério da Defesa.
O barco da Coalizão da Flotilha da Liberdade (FFC, na sigla em inglês), um movimento internacional não violento de solidariedade com os palestinos, partiu da Itália no dia 1º de junho visando “romper o bloqueio israelense” e entregar ajuda a Gaza — que enfrenta uma situação humanitária catastrófica após mais de um ano e meio de guerra com Israel. A bordo, estavam 12 ativistas de diversas nacionalidades.
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‘Fomos sequestrados’, diz Greta
Nas redes sociais, a FFC informou que as forças de Israel havia abordado a embarcação na noite de domingo (8). “Perdemos a comunicação com o ‘Madleen’. O Exército israelense abordou o barco”. A tripulação foi “sequestrada pelas forças israelenses”, por volta das 3h02 (22h02 de Brasília, domingo), acrescentou o movimento.
“‘Se você está assistindo este vídeo, fomos interceptados e sequestrados em águas internacionais”‘, disse Thunberg em um vídeo programado e divulgado pela FFC. (Veja abaixo)
A organização também denunciou “uma clara violação do direito internacional” e insistiu que a abordagem ocorreu em águas internacionais. “Israel não tem autoridade legal para deter os voluntários internacionais a bordo do ‘Madleen'”, afirmou a diretora da FFC, Huwaida Arraf.
O Irã, inimigo de Israel, condenou a interceptação do navio e chamou a ação de “ato de pirataria”.
‘Provocação midiática’
O governo israelense acusou, já nesta segunda-feira, Greta Thunberg e outros ativistas de terem “tentado encenar uma provocação midiática com a única intenção de fazer publicidade“. O ministro da Defesa, Israel Katz, anunciou no domingo a ordem para o Exército impedir a chegada do ‘Madleen’ em Gaza.
“O Estado de Israel não permitirá que ninguém rompa o bloqueio marítimo de Gaza, cujo principal objetivo é impedir a transferência de armas ao Hamas, uma organização terrorista assassina que mantém nossos reféns e comete crimes de guerra”, acrescentou.
Israel enfrenta forte pressão internacional para encerrar a guerra em Gaza, onde a população é bombardeada diariamente e está à beira da fome devido às restrições impostas por Israel, segundo a ONU.
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