Não deu tempo nem o soalho da sede do Incra secar em Alagoas, depois de uma lavagem feita com ervas e sal grosso, para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP) iniciar a sua vingança contra o governo Lula.
A lavagem foi uma comemoração de trabalhadores sem-terra, nesta segunda-feira (15), pela saída de César Lira, primo de Arthur, do função de superintendente do Instituto Pátrio de Colonização e Reforma Agrária.
Nomeado pelo parente poderoso ainda na gestão de Michel Temer (MDB), César, ao contrário da {sigla} do próprio órgão que comandava, odiava a teoria de mexer no latifúndio — mesmo o mais improdutivo e desabitado do Nordeste — para ceder um palmo de terreno que fosse a uma família necessitada.
O sal grosso e as folhas de arruda usados para lavar a sede do Incra podem até penetrar caminho para a posse de terrenos aos trabalhadores. Ao presidente Lula, porém, a cabeça do primo de Lira passou a simbolizar tocaias e emboscadas parlamentares nunca vistas no Congresso até o momento.
O cheiro das ervas da lavagem do Incra ainda suavizavam o envolvente em Maceió — para sorte e refrigério dos trabalhadores —, quando o presidente da Câmara aprovou em plenário, inesperadamente, a urgência para a tramitação de uma proposta que impõe sanções administrativas e restrições a ocupantes de terras rurais e urbanas.
É só o primícias de uma vingança, no melhor estilo cangaço novo, que Arthur Lira sacou do coldre para atingir o governo. Dias antes, o deputado havia feito um manifesto contra o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais).
O soalho do Incra secou da lavagem repleta de cheiros e simbologias, mas o cafezinho do líder do Centrão ainda não esfriou de vez em Brasília. O rei da vaquejada, porquê é espargido em Alagoas, ainda tem oito meses no comando da Câmara. Dá para fazer um estrago e tanto no governo Lula e na safra das emendas do Orçamento. O estrago de taturanas nas folhas de uma roça — para lembrar da lagarta que nomeou a operação da Polícia Federalista sobre desvios de verbas dos gabinetes de Lira e outros parlamentares ainda nos tempos de Parlamento Legislativa de Alagoas.
Para colocar em prática as tocaias e as emboscadas contra Lula, Arthur Lira conta com as dicas do seu rabi em material de arapucas e golpes parlamentares, o ex-deputado Eduardo Cunha.
Mesmo sem procuração, o vilão da campanha pela queda da ex-presidente Dilma Roussef tem oferecido expediente no gabinete da filha, Dani Cunha (União Brasil-RJ). Nunca esteve tão próximo de Lira. O governo corre transe. Lula vai precisar de muita reza poderoso e popular. Além dos ramos de arruda da lavagem do Incra no Nordeste.
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