Houve um tempo em que o genial Caetano Veloso era procurado com tanta frequência para dar entrevistas que ele próprio resolveu dar uma pausa. Cansado de opinar sobre os mais variados assuntos da vida vernáculo, o artista ficou um período sem falar com jornalistas. Volta e meia esse fenômeno se repete, a mídia fica obcecada por qualquer personagem que é entrevistado à exaustão.
Pelo que se vê no noticiário, o atual “Caetano Veloso” da prensa brasileira é o pastor evangélico Silas Malafaia.
Não é de hoje que Malafaia, líder da Tertúlia de Deus Vitória em Cristo, é figurinha fácil nos jornais e sites. Mas principalmente a partir da chegada de Jair Bolsonaro à Presidência ele passou a comparecer em manchetes uma vez que uma espécie de mentor do presidente da República, figura poderosa a quem jornalistas recorrem para saber a opinião política. Nos últimos dias, o pastor tem frequentado a mídia ainda mais intensamente por ser o idealizador da revelação do dia 25, em que Bolsonaro convocou seus apoiadores para se tutelar das acusações de golpe de Estado.
Tanto na quadra da gestão de Bolsonaro uma vez que agora, a prensa brasileira se exime da obrigação básica que é lembrar ao leitor quem é Silas Malafaia.
Notório disseminador de fake news; golpista que tentou incitar as Forças Armadas a uma ruptura institucional; ativista contrário a medidas de prevenção da covid, uma vez que o isolamento social; responsável de injúrias contra jornalistas e influenciadores que o criticam; protector das teses mais reacionárias da extrema direita. Esse é Malafaia.
No campo religioso, é um sujeito que há décadas explora financeiramente a fé alheia, induzindo os fiéis a gastarem seu pouco moeda com doações altíssimas, que, segundo ele, vão prometer a perdão divina.
O pastor também é perito em usar a religião para recrutar votos em obséquio dos políticos que apoia e guerrear os adversários, misturando louvor com discursos partidários.
Para muitos jornalistas, o vestimenta de estar adiante de uma ramificação religiosa e ter muitos seguidores (tanto no mundo real quanto no virtual) é o bastante para justificar seus frequentes pitacos políticos. É preciso emendar: a domínio de um entrevistado sobre assuntos importantes, uma vez que é a política, não deveria advir do tamanho de seu rebanho, mas principalmente de sua idoneidade.
Malafaia é uma figura que tem credibilidade?
Essa pergunta pode ser facilmente respondida pela maioria dos brasileiros, mas aparentemente não por alguns jornalistas, que tratam o pastor uma vez que uma espécie de oráculo, sem um pingo de visão sátira. Muitas vezes servem mais uma vez que assessores de prensa que repórteres, abrem microfones e páginas de sites para que ele ataque adversários políticos, enalteça aliados e defenda as teses mais esdrúxulas.
Não há incerteza: de Caetano Veloso a Silas Malafaia, a escolha do opinador-geral da República piorou muito.
Poucos fatos podem atestar mais claramente uma vez que a prensa ajuda de forma decisiva a escalada da extrema direita no Brasil.
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