Por Flávia Albuquerque- Filial Brasil
O professor preto recluso na terça-feira (16) sob suspeita de ter sequestrado e roubado uma idosa de 74 anos em Iguape, município litorâneo do Vale do Ribeira, no extremo sul do estado de São Paulo, foi solto há pouco, posteriormente a Justiça exprimir um alvará de soltura.
Ontem (17) o jurisconsulto de Clayton Ferreira Gomes dos Santos, Danilo Reis, impetrou o habeas corpus, que foi outorgado pela Justiça em caráter liminar. O alvará de soltura foi expedido na tarde de hoje (18). Antes de voltar para lar para encontrar com a esposa, Clayton foi levado ao Instituto Médico Lícito (IML) para passar por vistoria de corpo de delito.
Já em lar, Clayton falou com a prensa e disse não entender o motivo pelo qual teve a prisão temporária decretada, já que nunca esteve na cidade de Iguape, que fica a mais de 200 quilômetros (km) do sítio onde ele vive. “Eu achei que explicando tudo o que expliquei à polícia, que nunca estive lá, não conheço a pessoa, não conheço a região, não sei onde fica, eles iam me soltar na hora. E nunca achei que ia ter que permanecer recluso por três noites e dois dias. Foi muito difícil, mas, graças a Deus, tinha pessoas ali que me ajudaram muito a permanecer poderoso, a não deixar o psicológico inseguro”, contou o professor, em entrevista à Filial Brasil.
Clayton disse que continuará colaborando com as investigações e que, quanto mais rápido a situação for resolvida, melhor para todos. O professor afirmou estar aliviado por estar em lar novamente e lembrou que já passou por diversas dificuldades na vida, mas não imaginou viver um pouco semelhante ao que houve nos últimos dias. “Mas você trespassar, ter sua liberdade, permanecer com a sua família, as pessoas ao seu volta que lutam por você todos os dias, esposa, amigos, enteados, é um conforto. Minha esposa e meus amigos ajudaram muito, mas eu só soube da repercussão quando vi a prensa, que também me ajudou bastante.”
O professor afirmou que há ainda detalhes sobre a situação que não foram comentados, mas que ele prefere omitir do público neste momento, por receio de que os fatos sejam usados contra ele. Ele ainda não sabe se pedirá uma retratação do Estado. “Já conversei com o meu jurisconsulto e vou executar com todas as minhas obrigações. Mal o sindicância terminar, vamos pensar no que fazer.”
Bastante emocionado, Clayton disse que pretende repousar os dois dias de folga que tem por recta para “colocar a cabeça no lugar” e, depois disso, voltar retomar o quanto antes as atividades porquê professor de instrução física.
“O que espero agora é voltar para as minhas atividades o mais rápido provável. Eu levanto cedo para dar lição porque eu sabor. Eu vivi esse meio, sou desportista de futebol, logo o que eu mais senhor fazer é dar lição de instrução física. Viver essa verdade e passar todo o meu conhecimento de vida profissional para os meus alunos. Até para que eles não passem pelas mesmas coisas que eu passei nesses últimos três dias.”
Entenda o caso do professor

O professor Clayton Ferreira Gomes dos Santos deixa a 26ª DP, e encontra sua esposa, Cláudia Gomes, em sua lar. Foto: Paulo Pinto/Filial Brasil
Segundo o boletim de ocorrência registrado pela idosa, no dia 31 de outubro de 2023, ela caminhava em uma lajedo, quando foi abordada por duas mulheres que desceram de um carruagem. Segundo o relato, elas obrigaram-na a entrar no veículo, no qual o motorista esperava. De concórdia com as informações do boletim de ocorrência, os criminosos circularam com a mulher, obrigando-a a fazer transferências bancárias que totalizaram R$ 11 milénio. Na delegacia, a idosa teria reconhecido a foto de Clayton porquê sendo o motorista do carruagem.
De concórdia com o jurisconsulto Danilo Reis, o professor recebeu em lar uma notificação para comparecer à delegacia e, ao chegar ao sítio para verificar do que se tratava, foi surpreendido com um mandado de prisão temporária que ele nem sabia que existia. No mesmo momento, ele foi estagnado na 26ª DP, em uma região de lema no bairro do Ipiranga, na capital paulista.
“A prisão foi gerada única e exclusivamente baseada em uma retrato na qual a vítima teria reconhecido Clayton. Nós não tivemos entrada a essa foto ainda porque o processo corre em sigilo de Justiça e não sabemos onde foi obtida. Acredito que pode ser de documentação pessoal, essas fotos que são alimentadas no sistema. Porquê ele não tem nenhum apontamento judicial ou criminal, pode ser foto de documentação mesmo”, explicou Reis.
A direção da escola onde Clayton leciona forneceu todos os documentos e folhas de ponto que comprovam seu vínculo empregatício e sua presença em sala de lição no momento em que o delito acontecia em Iguape. “Ele foi sozinho à delegacia porque nunca teve problemas com a Justiça. Ele é personal trainer e professor de instrução física em uma escola estadual em São Paulo. Nessa data e horário ele estava lecionando, sendo impossível estar em uma comarca de mais de 220 km de intervalo daqui, praticando qualquer ato ilícito”, disse o jurisconsulto.
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