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Saneamento, mudanças climáticas e a dengue

Por Gustavo Cabral*

Quando abordamos a alarmante situação da dengue, não podemos simplificar sua estudo, pois é um problema multíplice e multifatorial que exige uma abordagem integrada e cuidadosamente planejada. Ignorar dados recentes do IBGE e as mudanças climáticas é fechar os olhos para a verdade. Embora possamos tomar medidas paliativas para amenizar a situação, é necessário enfrentar o problema com abordagens agressivas, incluindo políticas públicas robustas e instrução contínua.

É sempre necessário explicar a questão da dengue, mesmo que soe repetitivo. Esta é uma doença viral transmitida por mosquitos, e continua sendo um duelo de saúde pública em muitas regiões tropicais e subtropicais ao volta do mundo. Compreender suas formas de transmissão, complicações clínicas e medidas de prevenção é importante para enfrentar eficazmente essa enfermidade.

A dengue é transmitida principalmente pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em chuva paragem. Esse mosquito é encontrado em áreas urbanas e periurbanas e é mais ativo durante o amanhecer e o anoitecer. A transmissão ocorre quando o mosquito infectado pica uma pessoa e depois pica outra, transmitindo o vírus.

Sintomas da dengue

Os sintomas da dengue variam de leves a graves e podem incluir febre subida, dores de cabeça intensas, dores musculares e articulares, erupção cutânea e fadiga. Em casos mais graves, a Dengue pode levar a complicações potencialmente fatais, porquê a Dengue Hemorrágica e a Síndrome de Choque da Dengue, que podem resultar em sangramento grave, queda da pressão arterial e lapso de órgãos.

A prevenção da dengue é fundamental e pode ser alcançada por meio de várias medidas:

1. Eliminação de criadouros de mosquitos, por exemplo, é necessária uma atenção privativo com recipientes que possam aglomerar chuva paragem, porquê pneus velhos, recipientes de plástico, garrafas vazias e pratos de vasos de vegetação. É necessário manter recipientes de chuva, porquê baldes e caixas d’chuva, devidamente fechados ou cobertos.
2. Aplique regularmente repelentes de insetos na pele exposta, principalmente durante o amanhecer e o anoitecer, quando os mosquitos são mais ativos.
3. Instale telas em portas e janelas e durma sob um mosquiteiro para evitar picadas de mosquitos.
4. As autoridades de saúde devem realizar atividades de vigilância para detectar e controlar a população de mosquitos, incluindo a emprego de inseticidas quando necessário.
5. A instrução e conscientização das comunidades sobre a valor da prevenção da Dengue, além de fornecer informações sobre porquê identificar os sintomas precoces da doença, são essenciais.

Mas, não nos enganemos, essa luta é mais complexa. Por isso, quero incluir mais outras questões nesta material, principalmente as questões de saneamento vital com os dados do IBGE e a relação das doenças infecciosas, porquê a Dengue, com as mudanças climáticas.

Falta saneamento

Recentemente, os dados do Recenseamento 2022 divulgados pelo IBGE trouxeram à tona uma verdade preocupante. Apesar dos avanços, milhões de brasileiros ainda vivem em condições precárias quando se trata de saneamento vital. Segundo o levantamento, murado de 49 milhões de pessoas residem em lares sem descarte adequado de esgoto, enquanto 18 milhões não têm entrada à coleta de lixo e 6 milhões sofrem com provimento inadequado de chuva.

Esses números, por si só, já seriam alarmantes o suficiente. No entanto, quando relacionamos esses dados com a problemática da Dengue e o contexto das mudanças climáticas, a situação se torna ainda mais complexa e urgente.

Por anos, a Organização Mundial da Saúde vem alertando sobre as consequências diretas da falta de saneamento vital para a saúde pública. No Brasil, estima-se que anualmente murado de 15 milénio pessoas perdem suas vidas e outras 350 milénio são hospitalizadas devido a doenças associadas à precariedade do saneamento vital.

As mudanças climáticas têm agravado ainda mais essa situação. O aumento das temperaturas e os eventos climáticos extremos, porquê secas, tempestades e ondas de calor, têm impacto direto na propagação da dengue e de outras doenças relacionadas ao saneamento precário.

Disseminação de vetores

As secas, por exemplo, podem levar à escassez de chuva e provisões, forçando as pessoas a consumirem chuva contaminada e aumentando o risco de doenças porquê diarreia e exasperação. Aliás, as tempestades e inundações danificam as infraestruturas de saneamento, interrompendo o fornecimento de chuva potável e favorecendo a reprodução de mosquitos transmissores de doenças.

É importante ressaltar que as mudanças climáticas não exclusivamente promovem a propagação de patógenos, mas também favorecem a disseminação de vetores, porquê os mosquitos adaptados a ambientes mais quentes. Esses mosquitos podem suportar adaptações e habitar regiões onde antes não eram encontrados, aumentando o risco de transmissão de doenças porquê a dengue.

Diante desse cenário alarmante, medidas agressivas e urgentes são necessárias para enfrentar a problemática da dengue e prometer o entrada universal ao saneamento vital. Investimentos em infraestrutura, instrução e conscientização da população, aliados a políticas públicas eficazes de combate às mudanças climáticas, são fundamentais para proteger a saúde e o bem-estar das comunidades vulneráveis.

É hora de agir com mandamento e responsabilidade, pois a saúde de milhões de brasileiros está em jogo.

*Imunologista PhD e Coordenador de Pesquisa no ICB-IV da USP, para o desenvolvimento tecnológico de vacinas aplicadas contra Covid-19, Chikungunya, Zika e Dengue vírus.

 

 

Saneamento, mudanças climáticas e a dengue
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