Segunda maior criptomoeda do mundo em valor de mercado, o ether (ETH), da rede Ethereum, acumula uma alta de mais de 29% nos últimos dois dias. A valorização supera em muito aquela de 6,3% registrada no mesmo período pelo bitcoin (BTC), que é o maior ativo digital e é considerado o benchmark do mercado cripto como um todo.
Ambos os movimentos positivos começaram com o alívio no ambiente macroeconômico após o acordo comercial entre Estados Unidos e Reino Unido. No entanto, analistas dizem que houve mais fatores para a alta do ether, particularmente.
Beto Fernandes, analista da Foxbit, explica que a blockchain Ethereum passou na quarta-feira (7) pela atualização Pectra, que foi realizada para melhorar o desempenho da rede em escala. A validação das transações no Ethereum é realizada por um mecanismo chamado Proof of Stake (Prova de Participação), em que o usuário mantém tokens bloqueados para validar as operações em troca de uma remuneração na própria criptomoeda ETH – um processo conhecido como staking.
“Como os nodes [computadores que participam da rede armazenando uma cópia da blockchain e validando ou transmitindo transações e blocos] podem ter até 2.048 ETHs agora, contra os 32 ETHs anteriores, os pools de staking conseguem se organizar melhor, podendo aumentar suas posições”, comenta Fernandes.
Vinicius Bazan, CEO da Underblock, lembra que a atualização anterior do Ethereum, a Dencun, reduziu as taxas cobradas por transação na blockchain, algo que era um grande problema para a rede. Contudo, também trouxe inflação para as criptomoedas ether. “A Dencun reduziu tanto as taxas de transação que resultou na emissão de muitos ETH. Com a Pectra, o Ethereum ficou deflacionário novamente”, conta. Ou seja, há mais tokens sendo queimados do que emitidos, algo que reduz a oferta e, se a demanda se mantiver estável ou subir, aumenta o preço.
Fora a questão tecnológica, há também o fator preço, pois o ether atingiu uma máxima em dezembro do ano passado nos US$ 4.102 e depois despencou 62% até sua mínima depois do tarifaço de Trump, fazendo um fundo nos US$ 1.539. O bitcoin, por sua vez, caiu bem menos, perdendo 32% do valor da máxima histórica no dia da posse de Trump até a mínima nos dias posteriores ao “Liberation Day” do presidente americano.
“O gráfico do ether em relação ao bitcoin é desastroso desde 2022. Sempre que o ether subiu foi menos do que o bitcoin e sempre que caiu foi mais do que o bitcoin”, resume Bazan.
O analista de investimentos Ayron Ferreira diz que o ether estava com o preço extremamente depreciado e quase em um momento de capitulação, com muitos investidores decretando a morte da criptomoeda. “Muitos investidores do varejo e até institucionais estavam jogando a toalha e duvidando até da sobrevivência do Ethereum. Então vejo essa alta mais como um gatilho para o ETH voltar para um preço justo, já que estava bem sobrevendido”, avalia.
Bazan lembra que o Ethereum é muito importante para o ecossistema cripto como um todo, uma vez que diversas aplicações descentralizadas foram desenvolvidas em cima da sua blockchain. Deste modo, uma alta do ether seria essencial para que o mercado começasse a tão esperada altseason, quando ativos digitais menores do que o bitcoin passam a superar o desempenho deste.
A disparada do ether ajudou a tirar um indicador chamado dominância do bitcoin de sua máxima em quatro anos. A dominância do bitcoin nada mais é do que a proporção do valor de mercado do bitcoin em relação a todas as demais criptomoedas. O indicador estava em 65,4%, perto dos 71% registrados em 2019, antes da alta do ether e das outras altcoins, que levou a dominância a 63,3%. Já a fatia do ETH no total do mercado cripto disparou de 7,4% para 9,2%.
“Apesar de ganhos e perdas de cerca de 2% para cada lado, não necessariamente os investidores saíram do BTC e foram automaticamente para o ETH, mas é fato que o reposicionamento dentro do mercado aconteceu”, destaca Fernandes.
Para Bazan, se a tendência atual se prolongar, é provável que o preço do ether volte pelo menos para sua máxima histórica de 2021, nos US$ 4.800, ou chegue até os US$ 5.000 tão sonhados pelos entusiastas do criptoativo.
Às 17h19 desta sexta-feira (9), o ether subia 10,6% em 24 horas, a US$ 2.342.
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