Por Bruno de Freitas Moura – Escritório Brasil
A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou na detalhes no Projecto Verão 2023/24, que reúne uma série de medidas para evitar e/ou minimizar efeitos de temporais. Uma das principais preocupações das autoridades municipais é a combinação entre mudanças climáticas e as consequências do fenômeno climatológico El Niño – aquecimento irregular das águas da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico.
“A gente pode ter extremo de chuva ou extremo de calor na Região Sudeste. É para isso que a cidade do Rio está se preparando, para os extremos”, disse o encarregado executivo do Núcleo de Operações Rio (COR), Marcus Belchior.
O COR é uma ampla sala de controle que monitora o funcionamento da cidade e oferece respostas operacionais para diversas situações, articulando órgãos públicos e privados.
A prefeitura apresentou um levantamento que mostra que a frequência e intensidade de eventos críticos vêm se agravando nas últimas décadas. Apesar de o verão iniciar em dezembro e terminar em março, o projecto municipal de alerta engloba ações que vão de novembro até abril de 2024.
De convenção com a prefeitura, desde 2021 foram investidos R$ 2,1 bilhões em tecnologia, prevenção e resposta a danos causados por tempestades.
SIRENE COM MENSAGENS
Uma novidade em relação a anos anteriores é que os alto-falantes instalados em 103 comunidades – que acionam sirenes quando há situação de risco – também reproduzirão avisos por meio de mensagens gravadas, para melhor orientar os moradores. O prefeito Eduardo Paes fez um apelo para que as pessoas respeitem os alertas sonoros.
“Quando aquela sirene toca, ela serve para alertar a população, não vem de um achismo, são dados objetivos, índices pluviométricos, características daquele solo, daquela dimensão, tempo de chuva… Nós precisamos e queremos salvar vidas da cidade”, disse Paes.
A Resguardo Social treinou quase 800 agentes comunitários nas áreas de risco e fez testes simulados em 85% das comunidades com sirenes.
TECNOLOGIA
No conjunto de itens de tecnologia que estarão à disposição da prefeitura para mourejar com os eventos extremos figura um radar meteorológico que começará a funcionar em dezembro. Será o segundo da cidade. Uma vantagem é que o novo equipamento não é afetado por áreas de sombra, ou seja, partes que não consegue monitorar.
“O primeiro radar só tem a visão nivelado, não tem a vertical. Com a implantação desse novo radar, a gente consegue ter uma previsão mais no pormenor. Eu tenho capacidade de ver o saraiva, tamanho e intensidade da nuvem. Em complementação ao software de [monitoramento de] raios, nos dá mais assertividade na previsão. É uma evolução tecnológica”, explicou o encarregado do COR.
Fazem secção do pacote de reforços tecnológicos 3,5 milénio câmeras de monitoramento, contra 2 milénio no ano pretérito. A prefeitura tem ainda uma parceria com a Escritório Espacial Americana (Nasa) para modelos de estudo de risco de deslizamentos e para previsão de enchentes em curtíssimo prazo.
RIOS E ÁRVORES
Participaram da elaboração do projecto 30 órgãos municipais. A prefeitura informou ter conseguido em 2023 um recorde de desassoreamento de rios da cidade. Foram retiradas 555 milénio toneladas de material dos rios, 10% a mais que no ano pretérito.
“O número de podas por ano quase que dobrou, passamos de 78 milénio para 150 milénio. Esse serviço é importante porque, nos dias de fortes chuvas, muitas árvores caem, derrubam postes, fecham o trânsito, dando um trabalho muito grande”, afirmou o presidente da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), Flávio Lopes.
“Nenhum desses investimentos nos traz a isenção ou a certeza de que não teremos inundação nas cidades. Teremos inundação, pedimos atenção das pessoas”, afirmou Paes, que pediu mais conscientização para que as pessoas não joguem lixo nas ruas e nos rios.
CLASSIFICAÇÃO DE ESTÁGIOS
A partir desta quinta-feira, a prefeitura do Rio alterou a classificação dos estágios operacionais, com o objetivo simplificar o entendimento dos cariocas.
A novidade transição substitui os nomes (normalidade, mobilização, atenção, alerta e crise) por números. Sendo assim, o município passa a ter estágios de 1 até 5, em que o 1 é a cidade operando em quesito normal, e o 5 é o cenário mais crítico.
“Parou com aquela história de estágio de alerta, estágio de atenção, que são coisas difíceis de entender, inclusive a diferença”, explicou Paes.
CALOR NOS ÔNIBUS
Na semana em que grande secção do Brasil, inclusive o Rio de Janeiro, tem sazonado uma vaga de calor, o prefeito comentou sobre os ônibus municipais que ainda circulam sem ar refrigerado. Ele citou que a Justiça autorizou a ininterrupção de uma política da prefeitura que corta subsídios pagos às concessionárias responsáveis por coletivos que trafegam sem climatização.
“Muito dificilmente algumas empresas desses consórcios vão sobreviver até o termo desse verão se continuarem a desrespeitar a população. Elas vão morrer de calor e de sufoco causados pelo prefeito”, disse Paes.
A Escritório Brasil procurou contato com a Rio Ônibus, o sindicato das empresas de ônibus da cidade do Rio de Janeiro, mas não recebeu resposta até a epílogo da reportagem.
ALERTA NO TELEFONE
Em todo o país, a Resguardo Social oferece canais de alerta de tempestades. Para receber por SMS, é preciso enviar o CEP para o número 40199. Para receber por WhatsApp, é só enviar uma mensagem para o número (61) 2034-4611.
CONFIRA A NOVA CLASSIFICAÇÃO DE ESTÁGIOS OPERACIONAIS:
- ESTÁGIO 1 (virente): Significa que não há qualquer mudança ou ocorrência na cidade que provoque mudança significativa na rotina do carioca. Plebeu ou nenhum impacto na fluidez do trânsito e das operações da infraestrutura e logística da cidade.
- ESTÁGIO 2 (amarelo): Risco de ter ocorrências de cumeeira impacto na cidade. Há ocorrência com saliente potencial de agravamento. Ainda não há impactos na rotina da cidade, porém, os cidadãos devem se manter informados.
- ESTÁGIO 3 (laranja): Uma ou mais ocorrências provocando impactos na cidade. Há certeza de que haverá ocorrência de cumeeira impacto no limitado prazo. Pelo menos uma região da cidade está impactada, causando reflexos relevantes e afetando diretamente a rotina da população ou secção dela.
- ESTÁGIO 4 (vermelho): Uma ou mais ocorrências graves impactam a cidade ou há incidência simultânea de diversos problemas de médio e cumeeira impacto em diferentes regiões do município. As regiões impactadas geram reflexos graves/importantes na infraestrutura e logística urbana e afetam severamente a rotina da população ou secção dela.
- ESTÁGIO 5 (roxo): Uma ou mais ocorrências graves impactam a cidade. Os múltiplos danos e impactos causados extrapolam de forma relevante a capacidade de resposta imediata das equipes operacionais da prefeitura do Rio. As regiões impactadas causam reflexos graves/importantes na infraestrutura e logística urbana, e afetam severamente a rotina da população ou secção dela.
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