‘Não vou descer a esse nível’, após ataque de Lira

Por Nicola Pamplona

(Folhapress) — Alexandre Padilha, ministro-chefe das Relações Institucionais, afirmou nesta sexta-feira (12) que não desceria ao nível dos ataques do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e que seu foco é seguir trabalhando com o Congresso para concordar pautas de interesse do país.

“Não vou descer a esse nível”, disse Padilha, em entrevista antes de evento no Rio de Janeiro, um dia posteriormente Lira chamá-lo de “incompetente”.

Padilha cita Emicida

O ministro repetiu algumas vezes versos do rapper Emicida: “rancor é tumor, envenena a raiz, e a plateia quer ser feliz”. “O Brasil quer ser feliz”, completou. Disse ainda que sua mãe lhe ensinou que “quando um não quer, dois não brigam”.

Padilha sofreu ataques de Lira nesta quinta (11), em resposta a reportagens sobre guia na votação que manteve a prisão do deputado federalista Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de ser um dos mandantes do assassínio da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

Lira acusou Padilha de vazar tese de que ele teria saído enfraquecido do incidente e o chamou de “desafeto” e “incompetente”. “Não existe partidarização, eu deixei muito simples que ontem a votação é de cunho individual, cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem zero a ver.”

O ministro afirmou que o governo se manifestou publicamente em prol da manutenção da prisão, lembrando que a mana de Marielle, Anielle Franco, é ministra da Paridade Racial. Mas disse que a decisão final foi dos parlamentares.

Redes sociais

Na quinta, Padilha usou as suas redes sociais para rebater a sátira, embora sem mencionar Lira ou mesmo o incidente. Ele publicou um vídeo no qual é elogiado por Lula, que fala que o ministro tem o “incumbência mais espinhoso do governo”.

Ele repetiu o argumento nesta sexta. “Sobre conhecimento, eu deixo as palavras do presidente Lula. O presidente Lula já falou sobre isso”.
Padilha afirmou determinar que a relação do governo com o Congresso “é um sucesso”. “Considero que governo e Congresso Pátrio fizeram uma dupla de sucesso na agenda econômica, na agenda de retomada das políticas sociais.”

Uma vez que palestrante do evento desta sexta, o ministro disse que apresentaria alguns desses resultados, principalmente o progresso em projetos ligados a energias renováveis. “Vou seguir o meu trabalho alimentando essa dupla governo e Congresso, não vou desviar meu foco de forma nenhuma”, prosseguiu.

Em seu oração, voltou a falar sobre a relação com o Congresso na aprovação de pautas que levem a incremento econômico com redução das desigualdades e estabilidade das contas públicas. “Tenho certeza que o congresso pátrio não faltará leste ano para que a gente consiga isso.”
E, sem mencionar Lira, afirmou que faz política “para casar, não para agredir”.

Presidente Arhur Lira (PP-AL): críticas a ministro Alexandre Padilha (Mário Agra/Câmara dos Deputados)

Convergência

Sobre o incidente entre Padilha e Lira, o ministro da Informação Social, Paulo Pimenta, disse em entrevista à CNN Brasil, nesta sexta-feira (12), que a relação do governo com o Congresso deve buscar sempre a convergência e o estabilidade. “Eventual ponto de desencontro entre uma ou outra pessoa é um pouco absolutamente superável”. Ele também afirmou que o governo vai descobrir “ponto de estabilidade” e que o incidente não iria prejudicar o curso do processo legislativo.

Desde o término do ano pretérito, Lira tem criticado a atuação de Padilha, o principal articulador do Executivo no Congresso Pátrio. Ele chegou a levar essas queixas a Lula e a indicar que, sem a troca do ministro, a tarifa do governo na Câmara não avançaria.

Desde portanto, o diálogo entre os dois foi rompido — Lira, agora, trata diretamente com o ministro da Mansão Social, Rui Costa, posteriormente entendimento firmado com o presidente.

Em fevereiro, em um sinal de pacificação, Lira e lideranças da Câmara foram recebidos pelo mandatário no Palácio da Alvorada. O encontro contou com a participação de Padilha. No entanto, a relação permaneceu tensa entre os dois.

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